Falemos, um pouco que seja, de Amor.
Falar de Amor, porém, é como falar das Cores. Tem diferentes matizes.
Os clássicos conheciam-lhe as cambiantes, tendo, inequivocamente, traçado o território e as respetivas fronteiras das relações afetivas.
Nesse sentido, distinguiam Philía, Eros e Agápe.
O primeiro termo fazia referência a uma relação baseada fundamentalmente na amizade, na estima recíproca e na partilha de valores e de objetivos comuns; Eros conotava a paixão amorosa, o desejo e, por fim, Agápe conotava a amizade paternal, a “caridade”.
Um dos mais belos discursos sobre o amor foi, sem dúvida, elaborado por Platão.
Na sua obra consagrada ao tema – Banquete (ou Symposium, termo que significa literalmente “beber juntos”) – as ideias sobre o amor são articuladas por diversos participantes.
Um simpósio era um jantar de festa da alta sociedade em que a refeição era acompanhada por grande quantidade de álcool e em que os convidados, todos eles homens, eram servidos por escravos e entretidos por raparigas tocando flauta e que também estavam disponíveis para o sexo.
Simon May sintetiza as ideias sobre o amor apresentadas no Banquete de Platão:
- O amor torna-nos completos como indivíduos. Não serei eu próprio sem a minha outra metade;
- O amor é suscitado pela beleza e pela bondade. Posso admirar ou apreciar o que não acho belo, mas não posso amá-lo;
- O amor permite-nos ir além de uma relação superficial com as coisas e chegar ao que é absolutamente valioso nelas;
- O amor realça o melhor de nós como amantes – acima de tudo, virtude e sabedoria. Embora comece com a atração sexual, o amor supremo permite-nos dar á luz o que é mais nobre em nós – a verdadeira virtude.
(MAY, Simon, O Amor, Das Escrituras aos Nossos Dias, Bizâncio, pp 66-67)