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01
Ago 13

Da socialidade – e não sociabilidade, dado que este último conceito conota, desde logo, uma tomada de posição quanto ao carácter positivo e cooperativo da vida em sociedade, ignorando a outra face da realidade, o conflito e a oposição, como refere Joaquim Neves Vicente – do Homem, esse bípede implume, no dizer de Platão, ninguém duvida.

Aristóteles, o seu discípulo, destacava o carácter eminentemente social do ser humano, sustentando que “aquele que não pode viver em sociedade e que no meio da sua independência não tem necessidades não pode ser nunca um membro do Estado: é um animal ou um Deus”.

Os casos de “crianças selvagens” reforçam a ideia segundo a qual “não nascemos humanos, tornamo-nos humanos”, e comprovam que a componente biológica não é suficiente para nos tornarmos verdadeiramente humanos.

 

Contudo, o que nos move na interação com o(s) “outro(s)”?

O que julgamos ser melhor para nós ou o que cremos ser melhor para os outros?

 

Há quem argumente que não somos capazes de ser altruístas e que todas as ações humanas são motivadas pelo egoísmo. Ainda que um comportamento pareça consagrado aos outros, está, na verdade, ligado a um tipo qualquer de benefício para quem age.

É neste contexto que se deverão reinterpretar os motivos de pessoas que, como Madre Teresa de Calcutá, aparentemente dedicaram toda uma vida aos outros. Na verdade, a própria Madre Teresa acreditava que seria bem recompensada no Céu.

 

Orientando-se na linha de pensamento do egoísmo psicológico, Adam Smith – representante do liberalismo económico e do capitalismo, doutrinas políticas que presidem, na atualidade, aos destinos de maioria das economias mundiais – considerava que “não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos seus próprios interesses” (A Riqueza das Nações).

A ordem social e moral é, segundo A. Smith, uma consequência não intencional da busca do interesse próprio; num mercado livre, um sistema de liberdade perfeita, segundo ele, os indivíduos ao atuarem no seu próprio interesse serão conduzidos por uma “mão invisível”, a beneficiar a sociedade como um todo.

 

Contudo, será o liberalismo uma doutrina justa para configurar a experiência convivencial?

E o egoísmo psicológico, será adequado à interpretação dos comportamentos humanos?

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 12:00

Boa noite,
Paulo Ribeiro (colega da Latino?!)

Na verdade, na perspetiva cristã (católica, não tanto a protestante) o que deve "mover" ou o que deve motivar os atos humanos deverá aproximar-se do amor "puro", da "caritas".
Esse amor consiste em dar sem esperar receber nada em troca; é um amor que não se funda no valor do seu objeto, dá-lhe valor. Nisto distinguindo-se de "eros".
Não se funda na alegria do sujeito, antes o alegra - e nisto se distingue da "filia, ou seja, o sujeito não ama porque é alegre, é alegre porque ama.
Em suma: trata-se de um amor desinteressado, próximo, talvez, do amor dos pais em relação aos filhos.
Como é sabido, há quem conteste este tipo de amor, considerando-o duvidoso.
Não deixa, no entanto, de ser um ideal, um horizonte ou meta.
A própria dimensão moral e ética do ser humano, seja ela de cariz religioso ou laica, fundamenta-se no altruísmo, por oposição ao egoísmo.

Obrigado pelas tuas palavras!
Carlos Silva

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