(Abel Salazar, estátua num jardim da cidade do Porto)
O filósofo alemão Kant reduzia o campo da filosofia a quatro questões:
- O que posso conhecer?
- O que devo fazer?
- O que me é permitido esperar?
- O que é o Homem?
Ainda segundo Kant, todas as questões poderiam ser reduzidas à última que, como se sabe, diz respeito à antropologia filosófica.
Sobre o Homem, são várias as ciências que o têm por objeto de estudo.
A começar pela ambicionada Medicina, que se destina a tratar dos corpos e das almas dos homens enfermos; a Psicologia – assim como a Sociologia – que procura explicar, de um ponto de vista científico, o comportamento e os processos mentais dos seres humanos; a Antropologia Cultural que investiga o homem na sua vertente cultural, dedicando-se ao estudo dos costumes, mitos, valores, crenças, rituais, religião, língua…
Bem se pode dizer que todas estas ciências se dedicam ao estudo do homem.
Porém, ao especializarem-se em segmentos compartimentados e estanques, cada uma daquelas ciências comporta um risco: o de olvidar a unidade que só a reflexão filosófica poderá suprir. Qualquer estudo parcelar do homem deverá pressupor uma conceção geral, uma metateoria.
É neste contexto que se deve interpretar a asserção de Abel Salazar, para quem “o médico que só sabe medicina, nem medicina sabe”.
É, também, nesta linha de orientação que Edgar Morin exprimiu, numa proposição lapidar, o seu pensamento: “o homem é uma unidade biopsicossocial”.