"O homem estético vive de acordo com os sentidos, com as emoções, com os impulsos. Encara a realidade do ponto de vista da sensibilidade.
Vive poeticamente, determina a sua existência de acordo com a fantasia e a imaginação. Vive, assim, descomprometidamente procurando o prazer como fim da acção, procurando esgotá-lo.
Entregando-se à espontaneidade e, vivendo de acordo com o instante, não obedece a padrões morais universais. O instante, diz Kierkegaard, é o encontro do tempo e da eternidade, é a ligação do passado e do futuro. O esteta não se entrega a um empenhamento profundo e nega a submissão a uma lei moral ou religiosa. Busca, constantemente, novos prazeres.
A existência do homem estético não tem unidade; é, apenas, sequência de momentos justapostos, existência amoral, dispersa, sem forma e instável. A sedução é, precisamente, a atitude que não permite dar continuidade à sua existência, atitude que evita as ligações estáveis. O homem esteta é comandado pelo desejo, nomeadamente o desejo erótico. A figura representativa deste estádio é o Don Juan, o sedutor, que termina no desespero e na perdição porque vive permanentemente insatisfeito".
Mário Ferro e Manuel Tavares, Conhecer os Filósofos de Kant a Comte