Paul Gaugin, Van Gogh a pintar girassóis
De modo geral, os artistas não procuram solucionar problemas nem construir teorias, ao contrário dos filósofos e dos cientistas. Há quem defenda que, por isso mesmo, a arte não contribui para compreender melhor a realidade. Como poderão algumas pinturas abstractas dizer-nos algo acerca da realidade? Que verdade existe numa obra literária? O que ficamos a saber quando escutamos uma composição musical?
Contudo, há muitos artistas e filósofos que defendem ser a arte uma forma de conhecimento. Mesmo quando não é conhecimento proposicional, o do Teeteto de Platão, a arte ensina-nos a ver, a ouvir, a sentir, alargando e apurando a nossa percepção e orientando a nossa sensibilidade de maneira a que as nossas experiências sejam cada vez mais enriquecedoras. É asim que uma pintura nos pode mostrar o que antes parecia não existir, ou que uma música nos pode ensinar muito sobre o modo como lidamos com as nossas próprias emoções, ou ainda que certas obras literárias nos permitem tomar consciência de coisas que de outra maneira dificilmente conseguiriamos ver tão nitidamente. Mesmo sendo um produto da imaginação, a arte pode ajudar-nos, por contraste, a ver melhor a verdade. Também a arte nos fala da realidade, quando nos desperta para a descoberta de determinados aspectos que se encontram, apenas, submersos pelas notas musicais, pelos traços, pelas pinceladas, pelos movimentos ...
"É também digno de atenção que a frase «Sinto o perfume das violetas» tem o mesmo conteúdo que a frase «É verdade que sinto o perfume das violetas». Deste modo, parece que nada é acrescentado ao pensamento pelo facto de lhe ser atribuída a propriedade da verdade."
Gottlob Frege, O Pensamento