Quem nunca se viu perseguido, sem que os seus acusadores lhe dissessem as razões dessa perseguição?
Em O Processo, Kafka reproduz a negação do Estado Democrático de Direito e, ao mesmo tempo, leva o leitor a perceber que, mesmo vivendo sob a égide da Democracia "plena", há que se não perder de vista que as instituições não guardam a sua razão de ser na prestação de serviço público, mas na submissão ao poder e às camadas dominantes.
Embora
Kafka tenha retratado um
autoritarismo da
Justiça que se vê com o
poder nas mãos para condenar alguém, ou perpetrar "terrorismo psicológico", sem lhe oferecer meios de defesa, ou ao menos conhecimento das razões da punição, podemos levar a figura de
Josef K., o protagonista do romance, bem como de seus acusadores, para vários campos da vida humana.
Sinopse
O Processo é uma das obras mais fascinantes e enigmáticas de Franz Kafka. O romance arranca com a detenção do protagonista, Josef K.. Alguém o denunciou mas não existe um delito evidente. A partir de então, o acusado ver-se-á imerso num absurdo processo judicial de labirintos burocráticos em que se debate o seu direito a existir. Para além disso, K. não terá conhecimento em nenhum momento de quais são as acusações que lhe imputam nem a natureza do supremo tribunal que o julga. Desta forma, o romance conduz-nos à mesma essência do terror. O protagonista, impotente, tenta averiguar as misteriosas razões do seu processo e inicia a sua própria busca da verdade dentro do caos mais absoluto.