(Tomada da Bastilha)
Deixando de lado a questão de saber se é o modo como pensamos que determina o nosso agir ou se, pelo contrário, são as condições materiais que sustentam e originam o nosso modo de pensar, a "super-estrutura" composta pela religião, direito, filosofia, como advoga o materialismo dialéctico e histórico de Karl Marx, não se nos afigura extravagante afirmar o "poder das ideias" na evolução da história dos homens. Para o melhor e para o pior, embora se possa afiançar que a humanidade caminha, globalmente, no sentido do progresso.
A título de exemplo, a declaração de independência norte-americana de 1776 considerava uma verdade evidente que todos os indivíduos são iguais; que o Sumo Arquitecto lhes outorgou certos direitos inalienáveis e que entre estes se encontram o direito à liberdade e a aspiração ao bem-estar.
Decorridos 233 anos, tal forma de pensar parece-nos irrisória mas constituiu, na verdade, um grande salto.
Mais tarde, em 1789, a Revolução Francesa proclamava a liberdade, a igualdade e a fraternidade como valores capitais. Esse mesmo ano marca a primeira vitória na luta pelo reconhecimento dos Direitos Humanos, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, produto claro da influência da declaração de indepenência norte-americana e das ideias do Iluminismo, das quais se destacam:
i. a necessidade da divisão dos poderes, legislativo, judicial e executivo advogada por Motesquieu;
ii. a consideração de que só a "Vontade Geral" pode exercer a soberania e a lei, sugerida por Rousseau, por isso considerado precursor das modernas democracias;
iii. a defesa dos direitos à liberdade individual e à propriedade privada, como inalienáveis, propostos por Locke;
iv. a apologia da liberdade ou tolerância religiosa e a separação entre Estado e Igreja, empreendida por Voltaire.