Como se relaciona o desporto em geral e a corrida, em particular, com a Filosofia?
Há muitos pontos de convergência, segundo Mark Rowlands. O ser humano corre por diversos motivos: uns fazem-no porque gostam; outros porque se sentem bem ou porque ficam com melhor aparência; ou porque lhes dá saúde e os faz sentir felizes ou mesmo vivos. Uns correm pela companhia, outros para aliviar o stresse do dia-a-dia.
Eis um dos paradoxos da vida: a inércia é a meta de tudo o que existe e se mexe. Porém, o ponto de partida é o movimento, a ação, a corrida. Quer do ponto de vista ontogenético, quer filogenético, no início é a ação. Embora a questão não deva ser colocada em termos exclusivamente dicotómicos: vida e morte. Isto porque “a morte é impaciente e insiste em fazer pequenas aparições antes que o pano desça definitivamente”. Morremos todos os dias um pouco.
Alguns consideram até que nascemos para correr. Foi assim na alvorada da humanidade. Corríamos para caçar e poder comer animais, e não apenas plantas. E o aumento das proteínas na nossa alimentação pode ter tido uma influência no desenvolvimento do nosso cérebro. Não terá sido condição suficiente. Porém, foi seguramente uma condição necessária.