Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

31
Mar 16

               

                Como se relaciona o desporto em geral e a corrida, em particular, com a Filosofia?

                Há muitos pontos de convergência, segundo Mark Rowlands. O ser humano corre por diversos motivos: uns fazem-no porque gostam; outros porque se sentem bem ou porque ficam com melhor aparência; ou porque lhes dá saúde e os faz sentir felizes ou mesmo vivos. Uns correm pela companhia, outros para aliviar o stresse do dia-a-dia.  

                Eis um dos paradoxos da vida: a inércia é a meta de tudo o que existe e se mexe. Porém, o ponto de partida é o movimento, a ação, a corrida. Quer do ponto de vista ontogenético, quer filogenético, no início é a ação. Embora a questão não deva ser colocada em termos exclusivamente dicotómicos: vida e morte. Isto porque “a morte é impaciente e insiste em fazer pequenas aparições antes que o pano desça definitivamente”. Morremos todos os dias um pouco.

                Alguns consideram até que nascemos para correr. Foi assim na alvorada da humanidade. Corríamos para caçar e poder comer animais, e não apenas plantas. E o aumento das proteínas na nossa alimentação pode ter tido uma influência no desenvolvimento do nosso cérebro. Não terá sido condição suficiente. Porém, foi seguramente uma condição necessária.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 15:23

21
Mar 16

          

  O determinismo, “na sua versão radical, é uma teoria que afirma que todos os estados ou acontecimentos do mundo são determinados por estados ou acontecimentos que lhes são anteriores, de acordo com as LEIS DA NATUREZA. Nesta versão, defende-se que, para qualquer acontecimento b, existe um acontecimento a anterior tal que é impossível que ocorra a sem que, consequentemente, ocorra b. Se esta versão mais radical for verdadeira, levanta-se o problema de saber se é compatível com o LIVRE-ARBÍTRIO, isto é, se a ACÇÃO humana pode ser concebida como genuinamente livre — os compatibilistas defendem que sim; os incompatibilistas, que não” (in: http://www.defnarede.com/d.html).

            Mark Nelissen, em “Darwin no Supermercado, Como a Evolução Influencia o Nosso dia-a-dia”, adota uma posição próxima do determinismo radical, ao sustentar, contra a opinião generalizada, que muitas das nossas decisões e ações não se baseiam no livre-arbítrio. Apoiando-se numa conceção naturalista do ser humano, Nelissen sustenta que a biologia evolutiva e a teoria evolucionista de Darwin explicam os diversos comportamentos humanos, desde dar uma gorjeta, escolher um lugar na carruagem do comboio ou sorrir antes do ato sexual.

            Quando, por exemplo, um homem numa esplanada dá uma gorjeta a uma espampanante loura de dezoito primaveras para pagar a cerveja acabada de beber, o seu comportamento obedece às leis de Darwin, segundo Nelissen. A generosidade do homem aumenta a probabilidade de conseguir transmitir os seus genes à geração futura. Agora, como há cem mil anos, altura em que as mulheres se guiavam pela reputação dos homens. Os do tipo generoso tinham fama de possuir recursos suficientes. Aqueles que costumavam repartir uma parte dos seus despojos de caça eram bons caçadores e possuíam meios suficientes. Os que distribuíam alimentos ou outros objetos demonstravam ter o suficiente. Os potenciais papás que entravam nesta categoria gozavam da predileção das mamãs sonhadoras, e podiam chegar a pais de verdade.

            Por isso, quando o gordalhufo da esplanada dá uma generosa gorjeta à espampanante jovem da minissaia, é movido por um mecanismo genético e inconsciente que durante tanto tempo contribuiu para o êxito reprodutivo dos nossos tetravôs.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 23:44

Março 2016
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
22
23
24
25
26

27
28
29
30


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Filosofia
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO