Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

23
Fev 16

       

         Não é fácil traçar a fronteira entre o humor, o bom humor, e a chacota e definir Liberdade de Expressão. Todos o sabemos. Todos, ou quase todos, estamos de acordo em que o humor é um sinal de inteligência e de maturidade intelectual. Já a chacota é a arma dos pobres de espírito, dos vingativos, invejosos, intriguistas e coscuvilheiros. A chacota é a arma dos que se riem dos outros, mas que não sabem olhar-se ao espelho e rir-se de si próprios.

         Todos sabemos, ou quase todos, que os fundamentalistas são desprovidos de sentido de humor, porque, como referia Umberto Eco, o humor é um instrumento crítico. Por isso, o fundamentalista mata. Mata o comediante que satiriza com a sua religião ou com outro assunto que considera um dogma. Hoje, o fundamentalista mata, porque é desprovido de sentido de humor. Hoje, como na Idade Média. Em "O Nome da Rosa", por exemplo, destrói-se um livro que fala sobre o riso e mata-se por ele, porque “só os tolos riem” e porque, "quem ri não tem medo de Deus", e "quem não tem medo de Deus, é aliado das forças demoníacas".

         Mas, que Deus é este, que não sabe rir? Que Deus tristonho e sisudo é este, meu Deus?!

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 00:01

14
Fev 16

         

 “A imagem do beijo, enquanto fusão das duas imagens numa só.” - Roland Barthes

 

      Em O Banquete, Platão expõe o mito do Andrógino, de Aristófanes. Segundo este mito, cada homem era originalmente uma esfera. Havia-as de três tipos: macho, fêmea e andrógino, contendo este último os outros dois tipos. Tinha quatro mãos, quatro pernas, dois rostos numa única cabeça e dois órgãos genitais. Assim equipados, possuíam uma força imensa que os impeliu um dia a escalarem até ao céu para darem combate aos deuses. Os deuses ficaram embaraçados. Então, Zeus cortou-os em dois.

   Mutilados de metade de si mesmos, os homens tentaram, então, desesperadamente recuperá-la, abraçando-se, enlaçando-se um no outro.

     O que este mito nos ensina é que o Homem é um ser incompleto que tem de se lançar em busca da sua “metade da laranja” de modo a recuperar a integridade. Nesta perspetiva, o prazer sexual iria não apenas incitá-los à reprodução, mas deveria sobretudo dar-lhes um modo de aliviarem a dor da perda. O orgasmo surgiu como momento de efémero esquecimento de si próprio na memória permanente da incompletude que nos aflige. Um momento de suspensão extática e vital.

    Assim, na ausência amorosa somos, tristemente, uma “imagem deslocada”, que seca, amarelece, se encarquilha. Uma metade da esfera que não se torna redonda.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 19:02

08
Fev 16

           Não temos hipótese de não ter uma visão do mundo, mas temos a escolha de investir cuidadosamente na nossa visão do mundo, segundo Carlos Strenger (O Medo da Insignificância, Lua de Papel). Não estamos condenados a viver dentro dos limites de visões de mundo que não escolhemos, mas que foram inculcadas nas nossas mentes através da educação quando eramos mais novos.

            Na tradição europeia, esta ideia foi traduzida pela Alegoria da Caverna de Platão. A Alegoria da Caverna constitui uma das imagens mais famosas na história da filosofia ocidental. Ela põe em evidência que os seres humanos têm propensão para viver no erro, porque a circunstância do nascimento pode não nos ter proporcionado o acesso ao tipo de educação que nos leva ao melhor pensamento produzido pela humanidade. Todas as tradições filosóficas nos exortam a não nos conformarmos com as limitações que nos são impostas pelo acaso do nascimento e a passar pelo doloroso esforço de adquirir o conhecimento necessário a viver numa visão de mundo tão próxima da verdade quanto possível.  

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 00:49

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