
John Locke, filósofo inglês do século XVII, acreditava que uma vontade livre era uma ilusão. Para ilustrar essa crença, Locke utilizava a experiência mental do homem sozinho fechado num quarto. Enquanto dorme, alguém do lado de fora fecha todas as portas e janelas que dão acesso ao referido quarto. Entretanto, o homem ignora o facto de que se encontra fechado no quarto. Ao acordar, decide permanecer no quarto, pensando que tem a liberdade de escolher permanecer ou sair do quarto.
Será a condição humana semelhante à do homem fechado no quarto?
Na mesma linha de pensamento, o filósofo alemão do século XIX, Arthur Schopenhauer, sugere-nos a seguinte situação:
“São seis horas; acabou-se o trabalho. Agora posso ir passear, ou ir ao clube; posso também subir à torre, para ver o pôr-do-sol; posso também ir ao teatro; posso também visitar este ou aquele amigo; na verdade, até posso sair a correr pelos portões da cidade em direção ao vasto mundo, e nunca mais voltar. Tudo isso depende inteiramente de mim; tenho completa liberdade; contudo, não faço qualquer uma dessas coisas; em vez disso, vou para casa, de forma igualmente voluntária, para junto da minha mulher.”
Isto é como se a água dissesse:
“Posso formar grandes ondas (como as tempestades do mar); posso correr por uma colina abaixo (como num rio); posso precipitar-me cheia de espuma e salpicos (como numa queda de água); posso erguer-me livremente no ar como um jato (como numa fonte); finalmente, até posso ferver e desaparecer (como a 100º centígrados de temperatura); contudo, não faço qualquer destas coisas; em vez disso, permaneço calma e límpida neste lago tranquilo.”