Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

17
Jul 15

  

    É necessário recuar à alvorada dos tempos para esboçar um sentido à questão "o que é o homem?". 

   Segundo a perspetiva darwiniana, – como afirmam Bruno Leclerc e Salvatore Pucella em As Conceções do Ser Humano, Piaget – “não existe um sentido previamente estabelecido para a evolução: não podemos senão constatar a posteriori a sua direção, observando os resultados das sucessivas tentativas e erros da seleção natural". Vemo-nos, assim, remetidos para a seguinte ideia trágica: a humanidade, e cada homem, é fruto do acaso. Ainda para Bruno Leclerc e S. Pucella, "se a evolução das espécies recomeçasse do princípio, havia poucas possibilidades de que ela voltasse a conduzir ao aparecimento da espécie humana".

   Porém, é consensual a ideia segundo a qual no processo de hominização que vai do australopiteco ao homo sapiens, passando pelo homo habilis e pelo homo erectus, surgem imbricadas a estatura vertical, a libertação da mão, uma maior capacidade craniana e a utilização / criação de instrumentos (J. Resina Rodrigues, Logos, Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia).

   Qual a importância da técnica para a compreensão do Homem?

   Dominique Bourg considera em O Homem Artifício que “sem técnica não há humanidade”. De acordo com Bourg, será no meio dos utensílios e das transformações do seu meio ambiente que o homem se produz a si próprio. O homem é um animal tão fabricante quanto político ou falante. Será, pois, fazendo que o homem se faz. Eis o primado do Homo faber sobre o sapiens sapiens.

   Esta ideia é sustentada e reforçada por Villém Flusser, Uma Filosofia do Design, para quem “a designação homo faber é menos zoológica e ideológica e mais antropológica". Para Flusser, “pertencemos ao tipo de antropoides que produzem alguma coisa”. A Fábrica representa o traço humano característico.

   Assim concebida a especificidade do ser humano, se se concebe a história humana como história da produção, podemos considerar os seguintes períodos, segundo Flusser: mãos, utensílios, máquinas e robots. A história da humanidade será o processo através do qual a natureza é transformada em cultura. Produzir significa tomar o que está disponível no ambiente e transformá-lo num produto acabado, aplica-lo e adotá-lo. Ora, estas passagens e transformações são realizadas inicialmente pelas mãos, depois por utensílios, por máquinas e, por fim, por robots.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 01:24

07
Jul 15

               

Qual o sentido que singulariza, verdadeiramente, o homem entre os animais?

                Segundo Aristóteles não é a vista nem o ouvido mas, paradoxalmente, o que eles têm de mais comum:

                “Nos outros sentidos o homem fica aquém de muitos animais mas é de longe superior quanto à finura do tacto. E é por isso que é o mais inteligente dos animais”.

                Podemos, pois, dizer com Fabrice Hadjadj (A Profundidade dos Sexos): “o tacto é o fundamento de todos os outros sentidos.”

                O nosso privilégio sensorial reside no tacto e não na visão (a águia tem-na mais penetrante) ou na audição (o cão tem-na mais fina). Ter o tacto mais fino é sentir-se e sentir o mundo de forma mais radical do que todos os outros animais. Se a visão e a audição nos dão a alegria de conhecer, o tacto dá-nos a alegria de ser.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 01:53

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