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                Normalmente, os sentidos do tato, do paladar e do olfato são excluídos do poder de apreciar o belo. Isto deve-se ao facto de serem incapazes de admirar o belo sem o possuir ou consumir. Assim, o belo fica reduzido ao pensamento e aos sentidos da visão e da audição.

                Isto deve-se à natureza do belo: “belo é tudo o que é agradável de se ver, de ouvir ou de compreender, não por causa de alguma outra coisa que desejamos ou esperamos, mas em si e independentemente de qualquer utilidade ou interesse” (COMTE-SPONVILLE, André, Dicionário Filosófico, Martins Fontes).

                Deste modo, o belo, sendo reconhecido pelo prazer que causa, distingue-se, no entanto, dos outros prazeres pelo facto de não supor nem cobiça nem posse.

                É precisamente o carácter desinteressado do belo que o torna peculiar. Gilles LIPOVETSKY em O Capitalismo Estético na Era da Globalização, considera que há uma subversão da natureza do belo e das artes no mundo contemporâneo, avançando com a ideia de que uma quarta fase de estetização do mundo é estabelecida, remodelada no essencial, por lógicas de comercialização e de individualização extremas. Lipovetsky (OP. CIT.) considera que, com o triunfo do capitalismo artístico, “os fenómenos estéticos são integrados nos universos de produção, de comercialização e de comunicação dos bens materiais e constituem imensos mercados moldados por gigantes económicos internacionais”. Assim sendo, a arte já não simboliza um cosmos nem exprime narrativas transcendentes, já não é a linguagem de uma classe social, mas funciona como estratégia de marketing. Entramos, segundo Lipovetsky, na idade transestética.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 13:38

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