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Mai 14

Jogo de dados e acaso

Não será exagerado afirmar que, hoje, todas as dimensões da vida estão submetidas a planos: o casal procede ao planeamento familiar, o professor planifica a aula, o autarca elabora o Plano Diretor, a Federação de Futebol planifica as competições.

Os exemplos parecem revelar que foi "declarada guerra" ao acaso.

Porém, o peso do aleatório nas vidas humanas não deixou de ser significativo.

A começar pelo nascimento.

Como alude André Comte-Sponville, “o mistério do nascimento é mais profundo e rico para meditar que o mistério da morte.

É ele que nos confronta com o acaso”.

E acrescenta: “ toda a morte é inevitável. Nenhum nascimento o é, mesmo que tenha sido desejado ou programado pelos pais. Morrer é um destino. Nascer uma sorte”.

Ao nascimento podem acrescentar-se outros aspetos da vida que escapam à programação: o amor, assim como as diversas dimensões da afetividade, e o próprio sentido da vida.

Bem se pode dizer que a incerteza a que o acaso nos conduz, não data de hoje, sendo até constitutiva da natureza humana. 

Parafraseando Egdar Morin, “a humanidade sempre viveu na incerteza. Para os nossos antepassados caçadores-recolectores, a caça era algo de aleatório.”

Mas o “sentimento de incerteza” parece ter-se avivado e generalizado.

O mundo encontra-se numa fase particularmente incerta, dir-se-ia, patologicamente incerta.

Porquê? Talvez porque "os fundamentos das convicções tanto antigas como modernas parecem ter desabado na segunda metade do século XX" (François Stirn, Os Grandes Pensadores Contemporâneos, Instituto Piaget), nomeadamente:

a)      A morte ou o declínio do marxismo;

b)      A incredulidade em relação às meta-narrativas (ideologias);

c)       O fim das ideologias;

d)      O enfraquecimento das religiões.

Hoje, podem enumerar-se diversas incertezas: económicas, sociais – como os direitos adquiridos - políticas, epistemológicas, éticas, entre outras.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 00:15

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