De acordo com George Frankl (Os Fundamentos da Moralidade) “se tentarmos formular um princípio básico sobre o qual pode basear-se a fabricação de utensílios, esse princípio é o da exteriorização”.
A exteriorização constitui uma característica fundamental do homem em exteriorizar os seus processos mentais, reproduzindo-os no exterior de si próprio.
No século XIX Ernst Kapp, pioneiro da Filosofia da Técnica (Fundações de Uma Filosofia da Técnica) apresenta uma tese análoga à do filósofo e psicanalista George Frankl.
Para Kapp, “os primeiros utensílios foram apenas o prolongamento, o aumento da força e da precisão dos órgãos do corpo humano, e principalmente da mão” (Jean Brun, A Mão e o Espírito).
Neste sentido, podemos dizer que a “mão é o utensílio natural cuja ação cria o utensílio artificial, os utensílios” (Ernst Kapp, Op. Cit.).
Assim, toda a invenção é uma “projeção orgânica”.
Não faltam exemplos desta suposta projeção orgânica: a pedra munida de um cabo de madeira é a imitação mais simples desse martelo natural constituído pelo punho e pelo antebraço. O dedo dobrado deu origem ao gancho. Da cova da mão nasceu o copo. Na espada, na lança, no remo, na enxada, na pá, na charrua ou no forcado, reencontramos as múltiplas posições do braço, da mão e dos dedos.
Seguindo a linha de pensamento de A. Schopenhauer, O Mundo Como Vontade e como Representação, se o organismo é uma objetivação da Vontade e se toda a invenção e toda a técnica é uma imitação, uma projeção e um prolongamento dos órgãos do corpo humano e, em especial, da mão, então somos conduzidos a aceitar a tese segundo a qual a técnica também é, num segundo plano, a objetivação dessa mesma Vontade.