Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

23
Fev 14

É sempre preferível pensar positivo, ser otimista, ainda que por uma questão de pragmatismo.

Há estudos que indicam que o otimismo prolonga a vida dos indivíduos.

Porém, a realidade penderá mais para o lado do otimismo ou do pessimismo?

Será a natureza imoral, como considera Schopenhauer (O Mundo Como Vontade e Representação)?

Sendo a natureza imoral - como considera Schopenhauer - que sentido poderemos dar à vida?

Será a existência humana absurda porque faz parte de uma natureza imoral, ou como Schopenhauer afirma, “demoníaca”?

 

Consideremos as seguintes palavras do pensador alemão:

 

"Junghuhn relata que, em Java, viu um imenso terreno coberto de esqueletos e pensou que era um campo de batalha: porém, eram todos eles esqueletos d egrandes tartarugas com cinco pés de comprimento, três pés de largura e igual altura. Estas tartarugas vêm do mar para pôr os seus ovos neste terreno e, nesse momento, são apanhadas por cães selvagens que, reunindo esforços, as deitam de costas, abrem a sua couraça inferior, rasgam as pequenas escamas das suas barrigas e assim as devoram vivas. É frequente que, depois disso, um tigre ataque os cães. Ora, esta miséria repete-se milhares e milhares de vezes, todos os anos. É para isso que as tartarugas nascem. Que culpa têm elas para sofrerem desta maneira? Para quê todo este horror? Só há uma resposta: assim se objectiva a vontade de viver ."                                      (O Mundo Como Vontade e Representação)

 

A vontade de viver que motiva as ações de cada espécime serve apenas o interesse da conservação das espécies. Deste modo, os espécimes têm, para a natureza, apenas um valor indireto, sendo para ela apenas meios para outros fins. Daqui a imoralidade da natureza e o absurdo da existência, em geral, segundo o autor.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 13:38

16
Fev 14

Há filmes que relembramos com a mesma nostalgia com que recordamos a beleza das paisagens longínquas da nossa infância, tornada irreversível.

Um desses filmes é “Cinema Paraíso” (1989).

Com argumento e realização de Giuseppe Tornatore, esta obra-prima “constitui um olhar nostálgico sobre a vida de um jovem na Itália do pós-guerra e o seu fascínio pelo cinema. A notícia de que “Alfredo está a morrer” surpreende Salvatore, um conceituado realizador levando-o a relembrar a sua infância e o tempo que passou na sala de projecção do cinema da sua vila, Cinema Paraíso. Alfredo, proprietário do cinema e projeccionista, foi um amigo inseparável do pequeno Salvatore, conhecido por “Toto”, à medida que este crescia na sua terra natal, uma vila devastada pelos horrores da guerra. O cinema oferecia fantasia e evasão aos habitantes da pequena vila, fazendo esquecer a dura realidade da fome e da pobreza” (contracapa do DVD Cinema Paraíso, 2007).

Há, também, filósofos que “pensaram para sempre”, que relembramos e reinterpretamos à luz do tempo presente, como quem ouve uma voz profética tornada realidade. Um desses pensadores é Platão.

Com a Alegoria da caverna, Platão parece pretender ilustrar a condição humana, uma condição análoga à dos prisioneiros que apreendem sombras, tomando o ilusório pela realidade. Com uma função descritiva, a Alegoria tem também um a função apelativa na medida em que constitui um incitamento à procura da verdadeira realidade, que se esconde por detrás das aparências, e do verdadeiro conhecimento.

Pelo crescimento e pelo desenvolvimento intelectual, vamos questionando as crenças e ideias que nos foram transmitidas pelos diversos agentes de socialização. À medida que crescemos, vamos questionando muito do que era inicialmente tido como inquestionável. Por outro lado, as pessoas podem ser controladas e manipuladas com falsidades e demagogias.

A Alegoria da Caverna de Platão e Cinema Paraíso de Giuseppe Tornatore parecem ter muitos pontos de convergência.

Também Cinema Paraíso faz uso da imagem da caverna. Toto cresce, torna-se adulto e independente. Toto conta a história da sua infância e a sua amizade com o projeccionista Alfredo. O local do Cinema pode ser visto como a Caverna de Platão. Nele, os espectadores são seduzidos por opiniões convencionais e comportamentos padronizados que vêem projectados no ecrã. No entanto, Toto começa a fugir deste reduto cultural porque já “virou” as costas ao ecrã e conheceu o projeccionista Alfredo, por detrás das cenas, das sombras. Portanto, a saída da caverna por parte de um dos prisioneiros acontece analogamente em toda a história de Cinema Paraíso. Toto gradualmente sai da vila onde vive e percorre o mundo em busca de educação.

Trailer Cinema Paraíso

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 20:36

10
Fev 14

Em Ecologia profunda: o novo paradigma pode ler-se um artigo relativo à ecologia profunda.

Da autoria de Paulo Rodrigues, o referido artigo articula questões como a ciência e a técnica, o consumo que caracteriza a nossa sociedade e os problemas ambientais.

O conceito de "ecologia profunda" (deep ecology) foi proposto pelo filósofo e ecologista norueguês Arne Naess em 1973.

Trata-se de um conceito filosófico que vê a  humanidade como mais um fio na teia da vida.

Cada elemento da natureza, inclusive a humanidade, deve ser preservado e respeitado para garantir o equilíbrio do sistema da biosfera.

Porém, há que estar atento aos perigos de um emergente anti-humanismo associado ao conceito de ecologia profunda, como alerta Luc Ferry.

 

Eis o artigo:

 

“EM PLENO SÉCULO XXI, O HOMEM confronta-se com sérios problemas ambientais, à escala global, decorrentes da sua própria atividade económica, dos seus comportamentos e estilos de vida, da própria evolução e direção dadas à ciência e tecnologia, sempre em busca da satisfação das suas necessidades materiais, cada vez maiores, e mais exigentes.

Essas necessidades humanas, básicas de outrora, rapidamente deram lugar às necessidades criadas, induzidas e manipuladas que conduzem a comportamentos e estilos de vida baseados no consumo, no ter, na posse, na riqueza e no poder (bem vindo ao capitalismo!…a solução para todos os seus problemas).

Existimos, logo consumimos, e mais do que um direito é um dever! Consumo de bens, que levam ao consumo de recursos naturais, à sua transformação, por meios mais ou menos puros e naturais, ou abruptos e selvagens, e eis que num ápice, como quem abre e fecha os olhos, a incerteza no futuro bate-nos à porta, e nós, humanidade, assustada, como alguém que sabe que “ pecou” (conscientemente, por via da ganância e ausência de valores éticos), e que sabe que terá, agora, que suportar e lidar com as consequências graves e nefastas desses “pecados”.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 19:33

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