Salvador Dalí, A Persistência da Memória
Eis que ele chegou, o nono mês do ano no calendário gregoriano, com a duração de 30 dias.
Deve o seu nome à palavra latina septem – sete – e era o sétimo no calendário romano, que tinha a particularidade de começar em Março.
Eis-nos chegados a Setembro e, com ele, chega em breve o outono no Hemisfério Norte.
É o tempo de a natureza se "despir", num movimento circular de eterno retorno ao mesmo.
Mas afinal, o que é o tempo? Como defini-lo?
Divisão da duração, momento?
Duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro?
Período contínuo e indefinido no qual os eventos se sucedem?
Certo período da vida?
Se ninguém me perguntar, eu sei – dizia Sto. Agostinho. Porém, se me perguntarem e eu quiser explicar, deixo de saber.
Trata-se, por isso, de uma realidade misteriosa.
Ninguém o pode agarrar – refere André Comte-Sponville – porque ele não para de fugir.
Se parasse um instante, tudo pararia, e deixaria de haver tempo.
Mas também não haveria mais nada.
Deixaria de haver movimento e repouso.
Sem o tempo, deixaria de haver presente.
Como poderia haver alguma coisa? interroga-se Comte-Sponville.
Com efeito, para podermos experienciar qualquer facto, para o podermos apreender, conhecer, temos necessidade do tempo que funciona, como explica Kant, como condição a priori de todos os fenómenos.
D. Sebastião morreu.
Quando? Onde?
Em 4 de Agosto de 1578, para os lados de Alcácer-Quibir, tendo deixado um reino sem coroa e à deriva.
Espaço e Tempo são as condições de captarmos e configurarmos a realidade.
São as duas "formas a priori da sensibilidade", para usar a terminologia kantiana.
Por isso, o tempo é, para nós, o horizonte do ser.
Ser é ser no tempo.
“Tudo volta ao nada. Tudo perece. Tudo passa. Só há o mundo que fica. Só há o tempo que dura”, reflete Diderot.
Mas a pergunta inicial persiste: o que é o tempo afinal, que só passa na condição de permanecer, que só permanece na condição de se escoar?