O Homem Na Lua
Vivemos na era das Viagens Espaciais.
Na Terra, parece já nada existir para “Descobrir”.
De um “Mundo Fechado”, o Homem viu-se prontamente emerso num “Universo Infinito”.
Hoje, os “Descobrimentos” deslocalizaram-se dos tormentosos Oceanos, habitados por criaturas assombrosas, para o Espaço imenso, para lá das estrelas cintilantes e para lá da nossa racionalidade.
Eternos navegantes à descoberta de um universo insondável, falta, porém, descobrir a essência do próprio Homem.
Sendo um ser da natureza, um corpo, um ser vivo, um animal, como afirma Ibánez Langlois, importa, na opinião de Pedro Laín Entralgo, identificar as “notas especificamente humanas que podemos discernir no desempenho da sua conduta, que mostram que o ser humano é qualitativa e essencialmente distinto do animal.”
Entre essas notas, Anselmo Borges destaca, em Corpo e Transcendência, as seguintes:
a) O livre arbítrio;
b) A simbolização;
c) A linguagem;
d) A inconclusão / insatisfação;
e) O ensimesmamento;
f) A vida no real;
g) A pergunta;
h) A criação;
i) O sorriso e a sepultura.
Relativamente à primeira nota distintiva, enquanto o animal é conduzido pelo instinto – espécie de padrão hereditário do comportamento – o Homem não se deixa arrastar pelo impulso. É neste sentido que Max Scheler o define como “o asceta da vida”, o único animal capaz de dizer não aos impulsos instintivos.
Tendo a capacidade de deliberar e de decidir, o Homem é um animal livre e, como tal, moral e responsável.