Histórias como a relatada no post anterior suscitam questões de natureza moral.
Casos de crianças com anencefalia, por vezes referidos como "bebés sem cérebro", são disso exemplo paradigmático. James Rachels, em Elementos de Filosofia Moral, descreve um dilema moral conhecido como a bebé Teresa, uma criança com anencefalia nascida na Florida em 1992:
"A história da bebé Teresa nada teria de notável não fosse o pedido invulgar feito pelos seus pais. Sabendo que a bebé não poderia viver por muito tempo e, mesmo que pudesse sobreviver, nunca iria ter uma vida consciente, os pais da bebé Teresa ofereceram os seus órgãos para transplante. (...) Os médicos acharam uma boa ideia. (...) Mas os órgãos não foram retirados, porque na Florida a lei não permite a remoção de órgãos até o dador estar morto. Quando, nove dias depois, a bebé Teresa morreu, era demasiado tarde para as outras crianças - os órgãos não podiam ser transplantados por se terem deteriorado excessivamente. (...)
Teria sido correto remover os órgãos da criança, causando-lhe dessa forma, morte imediata, para ajudar outras crianças?"