A vida de Beatriz C., 22 anos, em adiantado estado de gestação e mãe de uma criança de um ano de idade, continua em risco. Proibida de abortar no seu país, sob pena de ser castigada com até 50 anos de prisão, a jovem salvadorenha, portadora de lúpus e sofrendo de insuficiência renal, apresentou há quase um mês um recurso ao Supremo Tribunal (CSJ) para que a equipa médica do Hospital de Maternidade seja autorizada a interromper a sua gravidez.
Os juízes da Vara Constitucional do CSJ vão decidir se pode haver uma exceção na apertada legislação salvadorenha contra a interrupção voluntária da gravidez.
Ontem, o Instituto de Medicina Legal (IML) entregou ao Supremo os resultados dos exames feitos a Beatriz no passado dia 3. Além das suas doenças, ficou comprovado que o feto tem uma grave anomalia, uma vez que é anencéfalo, ou seja, tem apenas metade do cérebro, e é muito provável que morra poucas horas depois do nascimento.
Dennis Muñoz, advogado de Beatriz, questiona que o IML tenha convidado representantes da Ordem dos Médicos e da Associação de Bioética, organismo que não integram o instituto e que já se tinham pronunciado contra a petição de Beatriz, para realizar os exames. Segundo Muñoz, o IML agiu de forma "pouco ética e irresponsável".