(Em francês acaso diz-se hasard, do árabe az-zahr ou al-sâr, jogo de dados)
O mistério do nascimento é mais profundo e mais rico para meditar que o mistério da morte. É ele que nos confronta com o acaso ao passo que a morte nos entrega apenas ao destino. Quer eu ressuscite ou não, minha vida nesta terra nem por isso deixará de ter sido a mesma. Mas, e se eu não tivesse nascido? Ou se tivesse nascido de pais diferentes? Ou simplesmente, com os mesmos pais, se tivesse sido concebido a partir de um outro óvulo, de um outro espermatozóide? Seria outra pessoa, ou melhor, não seria. Toda morte é inevitável. Nenhum nascimento o é, mesmo que tenha sido desejado ou programado pelos pais. Morrer é um destino. Nascer, uma sorte.
COMTE-SPONVILLE, André, Op. Cit.