
Já aqui foi analisado o conceito de religião como forma de alienação, na perspectiva de L. Feuerbach. Nessa perspectiva, pela religião o homem aliena-se, torna-se alheio a si próprio, na medida em que cria um Deus que não é mais do que a sua imagem idealizada, a sua essência projectada e exteriorizada. O homem adora, obedece e serve esse Deus e deixa de pertencer a si próprio, está alienado, pertence a outrem.
Marx aceita sem reservas a asserção de Feuerbach segundo a qual o homem inventou Deus à sua imagem. No entanto, não se contenta com a posição de Feuerbach. Para Marx, o homem inventou a religião porque a vida na terra é revoltante e miserável.
É neste contexto que surge o conceito de religião como “Ópio do Povo”, na medida em que as classes exploradoras se servem dela como analgésico para evitarem a revolta e consequente libertação das classes exploradas, paralisando-as e inebriando-as com a sedutora promessa da felicidade eterna num outro mundo e, nas classes exploradas, engendra a fé numa vida melhor além-túmulo.
Àquele que durante toda a sua vida trabalha e padece de necessidade, prega a religião a humildade e a resignação na vida terrena com a esperança da recompensa celestial. Àqueles que vivem do trabalho alheio, prega a religião a caridade na terra.