Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

31
Mai 09

O véu da ignorância constitui, na obra de Rawls, a descrição metafórica da barreira contra o uso de interesses parciais na determinação dos princípios da justiça.  O véu da ignorância define a "posição original". É como se as partes em causa tivessem de fazer um contrato acerca das estruturas sociais básicas, definindo, por exemplo, as liberdades que a sua sociedade permitirá e a estrutura económica que irá aceitar, mas sem saber que papel elas próprias irão ocupar na sociedade

Rawls acredita que só deste modo, a partir de uma posição deste tipo, um sistema social pode satisfazer os requisitos da justiça.

Como definir uma sociedade justa, de acordo com Rawls?

Imagina que eras membro de um "Conselho Supremo" que tem de fazer todas as leis de uma sociedade futura.  Eles, os membros, têm de pensar em tudo, porque mal estiverem de acordo e tiverem subscrito todas as leis, morrem. E, segundos mais tarde, acordarão na sociedade cujas leis fizeram. O truque é o facto de não fazerem ideia onde acordarão nessa sociedade, ou seja, qual será a sua posição nela. Uma sociedade destas seria uma sociedade justa, porque racionalmente definida, e cada um estaria entre iguais.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 23:28

29
Mai 09

O "homem estético" vive sob o conhecido lema do "carpe diem", regendo a sua conduta pelo imperativo categórico: "goza". O presente e o instante são o único tempo que conhece e, como tal, o estádio estético é a fugacidade, o ilusório e o vazio. A procura de novos prazeres conduz à rejeição da repetição. Só proporciona prazer a "frescura do imediato" e da novidade. Contudo, o instante não é vivido em plenitude porque é acompanhado de angústia. A angústia (sentimento que se distingue do medo) é um estado de incerteza perante o futuro.

"A única continuidade desta existência - considera J. Wahl, Études Kierkegaardiennes -  é a do aborrecimento. Chega à apatia, à indiferença, ao desgosto perante toda e qualquer acção. Partindo em busca do interessante, não encontra senão uma vida sem interesse; partindo à procura do instante que passa não vive senão no instante que passou e  cultiva a sua memória".

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 21:07

28
Mai 09

"O homem estético vive de acordo com os sentidos, com as emoções, com os impulsos. Encara a realidade do ponto de vista da sensibilidade.

Vive poeticamente, determina a sua existência de acordo com a fantasia e a imaginação. Vive, assim, descomprometidamente procurando o prazer como fim da acção, procurando esgotá-lo.

Entregando-se à espontaneidade e, vivendo de acordo com o instante, não obedece a padrões morais universais. O instante, diz Kierkegaard, é o encontro do tempo e da eternidade, é a ligação do passado e do futuro. O esteta não se entrega a um empenhamento profundo e nega a submissão a uma lei moral ou religiosa. Busca, constantemente, novos prazeres. 

A existência do homem estético não tem unidade; é, apenas, sequência de momentos justapostos, existência amoral, dispersa, sem forma e instável. A sedução é, precisamente, a atitude que não permite dar continuidade à sua existência, atitude que evita as ligações estáveis. O homem esteta é comandado pelo desejo, nomeadamente o desejo erótico. A figura representativa deste estádio é o Don Juan, o sedutor, que termina no desespero e na perdição porque vive permanentemente insatisfeito".

Mário Ferro e Manuel Tavares, Conhecer os Filósofos de Kant a Comte  

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 16:17

27
Mai 09

Segundo Kierkegaard, "existem três esferas da existência:

Estética, Ética e Religiosa.

A esfera estética é a da imediatez, a esfera ética a da exigência, exigência de tal modo infinita que o indivíduo passa sempre pelo fracasso. É uma simples esfera de transição e é por isso que a sua expressão suprema é o arrependimento enquanto acção negativa. A esfera religiosa é a da completude."

Kierkegaard, S., Étapes Sur le Chemin de la Vie

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 20:40

26
Mai 09

"O escutar de uma peça musical eleva-nos para algures no infinito, para lá das aparências. Uma melodia musical pode-nos revelar o sentido mais íntimo das coisas e dar-nos a percepção de todos os acontecimentos possíveis, isto é, dá-nos o todo. Ao mesmo tempo que nos eleva à contemplação de tudo o que existe na sua unidade, dissolve o nosso eu e anula todo o sofrimento e dor próprio do mundo fenoménico.

  Enquanto que as outras artes falam de sombras, a música, pelo contrário, fala do ser. O mundo poderia designar-se como uma incarnação da música, daí que se compreenda porque é que um quadro, uma cena da vida ou a leitura de um poema se forem acompanhados por uma melodia musical, alcancem um sentido mais elevado. A música, como linguagem eminentemente universal, exprime de uma forma única, através dos sons, com verdade e precisão, o ser e a essência do mundo".   
Fonte - "O Mundo como Vontade e Representação"  e "Dores do Mundo"  de Schopenhauer 

 

 

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 01:41

25
Mai 09

Kant

Princípio Moral: - Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.

Argumentação:

. A razão prática postula de maneira universal, categórica e necessária o dever.

. O dever é a "necessidade de uma acção por respeito à lei".

. De entre as acções humanas, há: a) as contrárias ao dever; b) as conformes com o dever; c) as feitas por dever. Só estas são morais.

. A moralidade da acção reside na intenção, na forma, e não no tipo de acção, no conteúdo objectivo.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 00:07

24
Mai 09

"Suponhamos que um enfermo grave, confiando na minha amizade, me pergunta pelo seu verdadeiro estado, já que o médico e os familiares lhe ocultam a verdade:

o que devo fazer neste caso?

Enganá-lo ou dizer-lhe a verdade? De acordo com a doutrina deontológica da obrigação moral, devo dizer-lhe a verdade, quaisquer que sejam as consequências; mas, de acordo com a teoria teleológica, devo enganá-lo tendo presente as consequências negativas que para o enfermo possa ter o conhecimento do seu verdadeiro estado.

As doutrinas deontológicas têm em comum o não derivar a obrigatoriedade do acto moral das suas consequências. As doutrinas teleológicas, por sua vez, colocam toda a obrigação moral em relação com as consequências".

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 01:45

22
Mai 09

Mill, J.S.

Princípio Moral: - Bom é o que é útil.

Argumentação:

. Só em sociedade pode o Homem realizar-se.

. A sociedade é um conjunto de indivíduos a que há que proporcionar idênticas oportunidades segundo o princípio da maior felicidade.

. As acções são boas na medida em que aumentam a felicidade do maior número.

. Virtude identifica-se com bem-estar.

. O objectivo social final é alcançar uma sociedade de homens livres  e felizes que, ao proporcionar os meios, comunicarão entre si bem-estar. 

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 15:31

21
Mai 09

Sócrates

Princípio moral: - Só por ignorância se pratica o mal.

Argumentação:

. Sócrates, mártir da sua consciência, aceitou a morte, podendo dela escapar, por respeito ao que considerava o seu dever.

. As leis da "polis" são sagradas, divinas; não provêm dos cidadãos, mas desse seu carácter sagrado, divino, que deve ser aceite e reconhecido pela minha própria consciência.

. E se as leis são injustas? Estarão as leis acima do Homem?

. A autêntica sabedoria consiste em conhecer as verdades absolutas, eternas.

. Saber equivale a ser bom. Não há homens maus, mas apenas homens ignorantes. 

Epicurismo

Lema ou princípio: - Vive no jardim de Epicuro!

Argumentação:

. Não existe predeterminação no universo, nem em qualquer das forças que nos rodeiam.

. O objectivo da vida é a consecução do máximo prazer sabiamente administrado.

. Para ser completa a nossa posse e uso da felicidade, devem deixar-nos em completa liberdade.

. Não devemos temer a morte pois que enquanto vivemos não existe para nós; quando morrermos, já não teremos vida para senti-la.

. O sábio epicurista  é aquele que conquista a imperturbabilidade do espírito e a tranquilidade do corpo.

 Fonte:

 VICENTE, J. Neves, Razão e Diálogo, 10.º ano, Porto Editora

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 13:20

17
Mai 09

Depois, um astrónomo disse: e a propósito do Tempo, mestre?

E ele respondeu:

Gostaríeis de medir o tempo infinito e incomensurável.

Gostaríeis de conjugar a vossa conduta e mesmo de dirigir o rumo da vossa alma segundo as horas e as estações.

E gostaríeis de reduzir o tempo a um regato, e na sua margem vos sentardes a vê-lo correr.

 

Entretanto, o que vos escapa do tempo está consciente da intemporalidade da vida

e sabe que o hoje não é senão a lembrança do ontem, e o amanhã o sonho de hoje;

e sabe que aquele que canta e contempla em vós habita ainda nos limites desse primeiro instante que dispersou os astros pelo espaço.

Quem, entre vós, não sente que o seu poder de amar não tem limites?

E, contudo, quem é que não sente que esse mesmo amor, embora ilimitado e fechado no centro do seu ser, não procede de uma ideia de amor para outra ideia de amor, e de uma proeza de amor para outra proeza de amor?

E não é o tempo, tal como o amor, indivisível e imóvel

Mas se quereis, em pensamento, medir o tempo pelas estações, fazei que cada estação abrace todas as outras, 

e que o dia de hoje abrace o passado com saudade e o futuro com nostalgia.

GIBRAN, Kahlil, O Profeta, Livros de bolso Europa-América

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 00:07

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