Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

27
Mar 09

(Antiga Ágora)

O movimento sofístico teve a sua importância para a história da filosofia na medida em que contribuiu para combater uma certa visão dogmática da realidade.
Os seus principais representantes, Protágoras e Górgias, advogavam um subjectivismo ou relativismo e um cepticismo, patentes nos célebres enunciados:

“O Homem é a medida de todas as coisas” e “O ser não existe, se existisse não o podíamos conhecer e se o pudéssemos conhecer não o podíamos comunicar”.
O relativismo do pensamento sofista, no entanto, impediu uma formulação universal do que fosse a virtude. Essa limitação conduziu pouco a pouco os sofistas a privilegiarem o ensino da dialéctica e da retórica não mais como formas de descobrir a verdade, mas como forma de fazer prevalecer a argumentação própria em detrimento da contrária ou, por outras palavras, de triunfar na vida política e social. Se a verdade absoluta é inacessível, a opinião, entregue à manipulação dos demagogos, será justificada e validada pela convergência com a dos outros homens. Será considerado verdadeiro o discurso forte, isto é, o discurso partilhado, maioritário. Esta doutrina do discurso forte caracteriza a democracia.
O carácter pejorativo que posteriormente adquiriu o termo sofista deve-se sobretudo às severas críticas que Sócrates, Platão e Aristóteles formularam contra o movimento. Aristóteles definiu a sofística como a "arte da sabedoria aparente" e acusou os sofistas de serem simples comerciantes do saber.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 17:37

24
Mar 09

Parece existir uma relação entre Retórica, Democracia e Filosofia. A Grécia antiga é um dos denominadores comuns às três. É o seu berço.

A retórica ( de rethor, orador) significa, em termos latos, a arte de bem falar, de persuadir pela palavra e, segundo alguns, tem origem judiciária. 

Claro que a "palavra" tanto pode servir a verdade quanto a mentira.

A Democracia ("demos", povo e "cratos", poder) significa, em termos genéricos, o poder do povo. Tal poder tanto pode ser exercido pelo povo como em nome do povo.

Que relação existe entre as duas, entre retórica e democracia?

É sabido que a democracia destrona a "razão da força", das armas e fundamenta-se na "força da razão", do "logos". É aqui que entra a retórica em cena.

É sabido, também, que o século V a.C. é o século da democracia e de Péricles.

Ao pagar os cargos públicos, Péricles possibilitou a todo o cidadão, qualquer que fosse a sua origem, o exercício das mais altas magistraturas. Porém, isto implicava, para aqueles que aí acediam, que fossem capazes de falar nas assembleias de modo convincente. É neste contexto que surge uma nova classe de professores ambulantes e possuidores de um saber supostamente enciclopédico: os sofistas.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 16:54

20
Mar 09

Foi recentemente aprovado pelo parlamento um diploma que limita o teor de sal no pão o que, numa primeira análise, parece reunir consenso dado que se trata de uma medida que tem por objectivo aparente salvaguardar a saúde dos cidadãos.

Contudo, a referida medida levanta a seguinte questão:

Pode, ou deve, o gosto das pessoas ser regulamentado por lei?

Michel Foucault desenvolveu uma nova perspectiva de racionalidade política, centrada no conceito de “biopolítica”. Com este conceito, Foucault pretende traduzir a assunção da vida pelo poder. A despolitização generalizada do conjunto e a politização da esfera privada, patentes na “sociedade assistencial” – criminalização do suicídio, existência de uma “polícia sanitária”, entre outros, reflectem, na perspectiva de Foucault, a assunção da vida pelo poder no mundo contemporâneo que passa, deste modo, a assumir-se como um poder sobre a própria vida. Assim, a vida adquire o estatuto de objecto do poder, configurando uma espécie de “violentação” da própria vida.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 17:45

18
Mar 09

Consoante o contexto em que se emprega a palavra, o materialismo opõe-se, ora ao idealismo, ora ao espiritualismo. Provém do étimo latino mater que significa "mãe", "origem".

Em Filosofia, o materialismo é a teoria segundo a qual a matéria é a única realidade existente, ou ainda, toda a realidade é de natureza material. Trata-se de um monismo, por oposição ao dualismo. 

Ao defenderem a ideia segundo a qual os átomos (com o significado de indivisível) constituem a arché ou a origem de tudo, os atomistas do século V a. C. foram pioneiros na apologia de um materialismo mecanicista, secundados pela escola Epicurista.

De acordo com a teoria materialista, o próprio pensamento é de natureza material: é o "fósforo" que pensa em nós. "O homem é o que come". Por isso, os materialistas advogam: "dê-se ao povo alimento saudável, pois a comida tranforma-se em sangue, o sangue em coração, o coração em cérebro e o cérebro em espírito interior".

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 22:42

15
Mar 09

  (Descartes)

Um dos nossos leitores, AbC, comentou o recente post alusivo ao tema O Que é o Conhecimento? no qual se defende a tese inicial de que o nosso conhecimento básico do mundo nos chega através dos 5 sentidos. No comentário, o leitor contra-argumenta referindo que as pessoas incapacitadas de ver, tocar, ouvir, cheirar e falar também devem possuir alguma forma de conhecimento:  

"5 sentidos ? Pessoas incapacitadas de ver, tocar, ouvir, cheirar, falar ... não possuem conhecimento básico do mundo exterior?"

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 19:32

13
Mar 09

A Resposta do Filósofo Alemão, Kant

Para Kant, tanto as sensações como a razão tinham um papel importante no nosso conhecimento do mundo. Kant está de acordo com os empiristas ao defender que todo o conhecimento principia na experiência mas defende que na nossa razão, na nossa mente, também existem condições importantes para o modo como vemos o mundo. Essas condições não só antecedem os dados da experiência como os tornam possíveis.

Supondo que usamos uns óculos vermelhos, tal facto condiciona o que vemos: passamos a ver tudo vermelho. Assim, se o que vemos é parte de um mundo objectivo exterior a nós, sujeitos, o modo como o vemos está relacionado com as lentes que são as condições subjectivas, a priori, do conhecimento.

Mas será o mundo, em si mesmo, vermelho?

 

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 21:05

11
Mar 09

"O nosso conhecimento básico do mundo exterior chega-nos através dos cinco sentidos. Para quase toda a gente, a visão desempenha o papel principal. Sei como é o mundo exterior porque posso vê-lo. Se duvido da existência real do que vejo, posso, em geral, estender o braço e tocar-lhe para ter a certeza. Sei que tenho uma mosca na sopa porque posso vê-la e, se chegar a tanto, posso tocar-lhe e até prová-la. Mas qual é exactamente a relação entre o que penso ver e o que está de facto à minha frente? Poderei alguma vez ter a certeza acerca do que existe no mundo exterior? Poderei eu estar a sonhar? Os objectos continuam a existir quando ninguém os está a observar? Terei alguma vez experiência directa do mundo exterior? Todas estas questões são acerca de saber como adquirimos conhecimento das nossas imediações; pertencem ao ramo da filosofia conhecido por Teoria do Conhecimento ou Epistemologia".

WARBURTON, Nigel, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 20:19

09
Mar 09

A humanidade é plural no sentido em que é sexuada. Mas tal pluralidade, longe de instituir a discórdia, pode converter-se em princípio de harmonia.

Parafraseando Heraclito, pai da filosofia do devir, “a estrada que sobe e desce é uma e a mesma” ou “os contrários concordam e a bela harmonia nasce do que difere. Tudo nasce da luta”. Na circunferência, por exemplo, “o princípio e o fim coincidem”; ou ainda, a beleza de uma pintura reside no contraste das cores, etc.
publicado por Carlos João da Cunha Silva às 20:10

06
Mar 09

O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. A ideia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na viragem do século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão económica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. 
publicado por Carlos João da Cunha Silva às 11:00

05
Mar 09

O Grupo de Filosofia da Escola E.B. 2,3/S. de Moimenta da Beira associa-se ao Dia da Mulher que se comemora no próximo 8 de Março.

Sob o lema "Também há mulheres filósofas",  merece destaque, entre outras actividades, a exposição de trabalhos elaborados por alunos, no âmbito da disciplina de Filosofia.

Com este evento, o grupo pretende mostrar à comunidade que os problemas ligados à reflexão, em particular à reflexão filosófica, não são exclusivos do género masculino e que, ao longo da História, várias foram as mulheres que se revelaram no domínio das Ciências Sociais e Humanas e, em particular, na Filosofia.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 22:30

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