"No começo dos anos 60 os académicos redescobriram a retórica mas nem por isso concordaram quanto ao seu sentido.
Charles Perelman vê a retórica como arte de argumentar e procura os seus exemplos mormente entre os oradores religiosos, jurídicos, políticos e até filosóficos. A outra posição, de Morier, G. Genette e J. Cohen, considera a retórica como estudo do estilo, e mais particularmente das figuras. Para o primeiro, a retórica visa convencer; para os últimos, constitui aquilo que torna literário um texto; e é difícil perceber o que as duas posições têm em comum.
No entanto, é esse elemento comum que bem poderia ser o mais importante, ou seja, a articulação dos argumentos e do estilo numa mesma função.
Eis, pois, a definição de retórica: é a arte de persuadir pelo discurso.
Por discurso entendemos toda a produção verbal, escrita ou oral, constituída por uma frase ou por uma sequência de frases, que tenha começo e fim e apresente certa unidade de sentido.
A retórica não é aplicável a todos os discursos, mas somente àqueles que visem persuadir como a disputa jurídica, o discurso político, o sermão, o folheto, o cartaz publicitário, o panfleto, a fábula, a petição, o ensaio, o tratado de filosofia, de teologia ou de ciências humanas".
REBOUL, Olivier, Introdução à Retórica, Martins Fontes