O naturalismo estóico traduz um certo desamor da vida cultural e política. Apregoa um certo retrocedimento em relação à vida política, e reintegra o homem no seio do universo, considerado como sendo a sua verdadeira pátria.
Melhor do que qualquer outro sistema, o estoicismo revela a metamorfose do habitante da polis em homem do kosmos, ou seja o nascimento do "cidadão do mundo".
Por um Governo Mundial
Na senda da concepção cosmopolita do homem advogada pelo estoicismo, Gideon Rachman sustenta, na edição de Janeiro de 2009 do "Courrier Internacional", o seguinte:
"Pela primeira vez na vida, creio na possibilidade de uma espécie de governo mundial. Seria uma entidade dotada das características de um Estado, apoiada num corpo legislativo. A União Europeia já criou um governo continental para 27 países, sistema que poderia servir de modelo.
O modelo europeu poderia ser aplicável ao resto do mundo? Há três razões que permitem pensar que sim. Em primeiro lugar, as questões mais complexas que os governos enfrentam são de natureza internacional: aquecimento global, crise financeira, "guerra ao terrorismo". Em segundo lugar, é praticável. As revoluções nos transportes e comunicações encolheram tanto o nosso planeta que pela primeira vez na História é possível um tipo de governo mundial. Em terceiro lugar, a crise financeira e as alterações climáticas obrigam os governos a adoptar soluções globais, mesmo em países como a China e os E.U.A., que habitualmente defendem com obstinação a sua soberania".