É sabido que o homem, enquanto animal racional, vive na intersecção de dois “mundos”, distintos mas complementares: o mundo dos factos (do que é, do ser, do que acontece, do descritível, em suma, do real) e o mundo dos valores (do que vale, do dever-ser, do preferível, do possível, em suma, do ideal).
A miséria no mundo, as guerras e o aquecimento global são factos indiscutíveis perante os quais é suposto o homem não ser indiferente.
Não se trata de mero jogo de palavras. As duas últimas proposições colocam-nos perante um dos problemas centrais da axiologia, a saber, o problema da natureza dos valores.
Se afirmamos que as coisas valem porque as desejamos, estamos a colocar a tónica no sujeito, deslocando o valor da esfera do objecto para a esfera do sujeito. A ser verdade esta tese, é o homem o criador dos valores.
Ao invés, se afirmamos que desejamos as coisas porque valem, estamos a colocar a tónica no objecto, deslocando o valor da esfera do sujeito para a esfera do objecto. A ser verdade esta tese, o homem limita-se a reconhecer valores.
A primeira tese denomina-se subjectivismo axiológico e a segunda objectivismo.