Este pretende ser um "espaço" público de partilha de ideias, um espaço de comunicação...

30
Mai 21

Ana Paula Rebelo Correia é a nova directora do Museu da Marioneta de Lisboa  | Marionetas | PÚBLICO

Por que razão diz não acreditar no livre-arbítrio?
O argumento para mim é muito claro. Quando reconhecemos que cada ação e decisão nossa são apenas partículas que atravessam o nosso corpo e o nosso cérebro, e que esse movimento é totalmente governado pelas leis da Física, percebemos que não há oportunidade para interferir. Vivemos num universo com leis. O nosso corpo e o nosso cérebro são totalmente governados pelas leis da Física, não há forma de as contornarmos. Nesse sentido, a liberdade que pensamos que temos é uma ilusão.

Mas somos nós que comandamos essas partículas…
A lição principal deste pensamento é que há muitas maneiras diferentes de descrever a realidade. Estou a descrevê-la da forma mais reducionista, ao nível das partículas e das leis que a comandam. A sua visão é de muito mais alto nível, é muito mais humana. Ambas as histórias são válidas. Quando percebemos que essa narrativa de mais alto nível está assente nesta visão reducionista porque, no fundo, não passamos de partículas que vão umas contra as outras, percebemos que podemos sentir que temos liberdade mas, lá no fundo, não a temos.

 

O artigo pode ser lido na íntegra aqui

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 22:43

21
Ago 17

Wook.pt - O Processo

Quem nunca se viu perseguido, sem que os seus acusadores lhe dissessem as razões dessa perseguição?

Em O Processo, Kafka reproduz a negação do Estado Democrático de Direito e, ao mesmo tempo, leva o leitor a perceber que, mesmo vivendo sob a égide da Democracia "plena", há que se não perder de vista que as instituições não guardam a sua razão de ser na prestação de serviço público, mas na submissão ao poder e às camadas dominantes.
Embora Kafka tenha retratado um autoritarismo da Justiça que se vê com o poder nas mãos para condenar alguém, ou perpetrar "terrorismo psicológico", sem lhe oferecer meios de defesa, ou ao menos conhecimento das razões da punição, podemos levar a figura de Josef K., o protagonista do romance, bem como de seus acusadores, para vários campos da vida humana.

 

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 22:00

17
Ago 17

 Resultado de imagem para vende-se 

        Após alguma ponderação, o pai de Evan, o senhor Douglas, decidiu mudar de vida. Há muito que estava cansado da agitação e do stress característicos da cidade onde vivia e trabalhava. A correria diária para o local de trabalho, o ruído ensurdecedor dos automóveis e, sobretudo, a falta de tempo foram determinantes na sua decisão final. Em conjunto com Evan, partiram numa autocaravana à aventura até à terra da tribo de índios Dwamish, algures para os lados da América do Norte. Pelas suas características paradisíacas, elegeram aquele território para assentar arraiais.

            O pai de Evan logo tratou de se dirigir ao Chefe da tribo Dwamish, Seattle, propondo-lhe um negócio mutuamente vantajoso. A troco de uma boa maquia de dinheiro, o senhor Douglas pretendia comprar ao chefe Seattle uma grande extensão de território índio.     

            Revoltado, o chefe Seattle prontamente retorquiu:

            – Como se pode comprar ou vender o Firmamento ou ainda o calor da Terra? Tal ideia ainda é um mistério para nós. Se não somos donos da frescura do ar nem do fulgor das águas, como podereis vós comprá-los? Cada reluzente floresta de pinheiros, cada grão de areia nas praias, cada gota de orvalho nos escuros bosques, cada outeiro e até o zumbido de cada inseto é sagrado para a memória e para o passado do meu povo. Somos parte da Terra e do mesmo modo ela é parte de nós próprios. As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os húmidos prados, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos fazem parte da mesma família. Por todas estas razões, quando o senhor Douglas nos faz chegar a mensagem de que quer comprar as nossas terras, está a pedir-nos demasiado. Não podemos tratar a Terra, nossa mãe, e o Firmamento, seu irmão – Prosseguiu o chefe índio – como objetos que se compram, se exploram e se vendem da mesma forma que se vendem tablets ou telemóveis. O seu apetite devorará a Terra deixando atrás de si apenas o deserto.

            Atentamente, o pai de Evan ouviu o discurso do chefe Índio e replicou:

            – O chefe Seattle tem razão. Nunca tinha pensado nisso. A Terra não é um objeto como outro qualquer, que se possa comprar ou vender. Ela é a nossa mãe e, como mãe, tem qualquer coisa de sagrado, é intocável.

            Posto isto, Evan e Douglas despediram-se amigavelmente do Chefe Seattle e da tribo e continuaram a sua viagem errante.

Texto adaptado do discurso proferido por Seattle (1864) ao governador de Washington, sobre o valor da Terra.

In.: SILVA, Carlos, Como o Ciclo da Lua: 28 Contos Filosóficos e Dilemas Éticos, Chiado Editora, 2015 

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 22:48

30
Jul 17

Wook.pt - Dicionário Filosófico

O que é a INVEJA? Como defini-la?

 

"O desejo do que não temos e que o outro possui, somado ao desejo de ser esse outro ou ocupar o seu lugar. Há ódio na inveja, quase sempre. E inveja no ódio, com frequência. (...) O ódio aumenta proporcionalmente ao sucesso".

 

In.: COMTE-SPONVILLE, André, Dicionário Filosófico, Martins Fontes, São Paulo, 2003

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 15:02

18
Mar 17

O psicólogo norte-americano Stanley Milgram

Mais de meio século depois, a controversa experiência do psicólogo norte-americano Stanley Milgram continua a ter os mesmos resultados. A maioria dos participantes tende a fazer sofrer outras pessoas para não desobedecer às autoridades.

 

Quem alguma vez estudou ciências sociais, muito provavelmente já ouviu falar da famosa experiência de Milgram, um dos mais controversos testes da história da Psicologia.

Desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram, a experiência concluiu que a maioria das pessoas tende a obedecer às autoridades, mesmo que isso signifique ir contra o seu próprio bom senso.

O teste, realizado em 1961, na Universidade de Yale, consistia em pedir aos participantes que dessem choques cada vez mais fortes noutros participantes caso estes não acertassem na resposta de determinadas perguntas.

O Artigo pode ser consultado aqui

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 12:55

29
Dez 16

Imagem relacionada

Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça. (...) No fim, ela vence, pois desde o nascimento esse é o nosso destino e ela brinca um pouco com a sua presa antes de a comer. Mas continuamos a viver com grande interesse e inquietação durante o máximo tempo possível, do mesmo modo que sopramos uma bola de sabão até esta ficar bastante grande, embora tenhamos a certeza absoluta de que vai rebentar.

Arthur Schopenhauer
publicado por Carlos João da Cunha Silva às 00:52

17
Jul 16
Wook.pt - Como o Ciclo da Lua: 28 Contos Filosóficos e Dilemas Éticos

 "Como o Ciclo da Lua":

Porto Editora

Bertrand

Chiado Editora

  "Sem excluir os adultos, o público-alvo da presente obra são as crianças e os jovens, e visa explorar o espírito crítico peculiar a estas idades com o recurso a histórias divertidas, dilemas éticos e respetivos planos ou atividades de discussão.

  Numa linguagem informal, clara e imaginativa, o autor percorre neste livro uma considerável diversidade de temáticas filosóficas (o altruísmo, o amor, a felicidade, a relação do homem com a natureza, a emoção e a razão, o mito e a explicação racional dos fenómenos, o "estado de natureza", o determinismo, o ser e o dever-ser, o trabalho, a linguagem e o pensamento, a identidade, entre outros) sem, contudo, veicular uma filosofia específica nem instruções ou respostas concretas aos problemas nele levantados, porque, "a vida não é como os medicamentos que trazem uma literatura inclusa".

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 19:51

10
Jun 16

A psicanálise não reúne consenso sobre o seu estatuto, havendo mesmo quem questione a sua cientificidade. Tal é o caso de Popper.

     Deixando de lado a problemática da demarcação entre ciência e pseudociência, a psicanálise pode ser considerada uma corrente inovadora e revolucionária no modo de conceber o comportamento e a mente humana.

     Bruno Bettelheim foi considerado um dos mais notáveis psiquiatras na área das perturbações mentais infantis. Radicou-se nos Estados Unidos em 1939, depois de ter passado um ano nos campos de concentração de Dachau e Buchenwald.

     Adotando uma metodologia na linha da psicanálise, Bettelheim revela-nos EmPsicanálise dos Contos de Fadas que, apesar de os contos de fadas terem sido criados muito antes do aparecimento da moderna sociedade de massas, podemos aprender muitas coisas com esses contos, nomeadamente acerca dos problemas interiores dos seres humanos.

     

     São suas, as seguintes palavras extraídas da referida obra:

    

     "O conto de Fadas O Príncipe Sapo – por exemplo – começa com a mais jovem das princesas a brincar com uma bola dourada perto de um poço. Esta cai no poço e a menina fica tristíssima. Aparece então um sapo que pergunta à princesa a que é devido o seu desgosto. Ele oferece-se para restituir a bola dourada à princesa desde que ela o aceite como companheiro, que se sentará ao pé dela, beberá do seu copo, comerá do seu prato e dormirá com ela na cama. Ela promete que sim, pensando no fundo dela própria que nenhum sapo poderia jamais ser companheiro de uma pessoa. O sapo traz-lhe então a bola dourada. Quando pede à princesa que o leve consigo para casa, ela foge e depressa esquece o sapo (...)."

     

      Como interpretar este conto à luz da psicanálise?

               

     A bola representa uma psique narcisística. Assim que a bola cai no poço, perdeu-se a ingenuidade.

     Apegada ao princípio do prazer, a menina faz promessas para obter o que quer. Porém, a realidade acaba por se impor.

     A caminhada em direção à intimidade com outrem é exposta: primeiro, a menina está só a brincar com a bola. O sapo mete conversa com ela. Depois vem visitá-la. Quanto mais o sapo se aproxima fisicamente mais enojada e angustiada ela fica, especialmente quando ele lhe toca.

     O despertar para a "vida íntima" não está livre de nojo e angústia.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 11:38

29
Mai 16

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Convite para acertar o seu relógio com a “Hora da Ética“!

Após a boa receção dos dois primeiros encontros deste novo Ciclo de Conversas sobre Arte, Ciência e Cultura, em que se iniciou uma abordagem às grandes teorias da Filosofia Moral,  com as palestras dos Professores José Meirinhos (Universidade do Porto) e João Cardoso Rosas (Universidade do Minho) e as discussões animadas sobre ética das virtudes, ética kantiana e consequencialismo moral, propõe-se agora, no mesmo registo aberto e informal, um aprofundamento destas ideias no âmbito de uma série de sessões de ética aplicada coordenadas pelo Professor Roberto Merrill (UM).

Deste modo as próximas sessões irão dirigir-se a questões concretas da atualidade para as quais serão convidados investigadores de diferentes universidades portuguesas e estrangeiras a apresentar as suas teorias e a debatê-las com o público. Os temas que serão debatidos nos próximos meses incluem: a ética do rendimento básico incondicional (com o prof. Karl Widerquist), a ética da guerra (com o General Loureiro dos Santos), a ética da denúncia ou whistleblowing (com o prof. Daniele Santoro), a ética bancária (com o prof. Geert Demuinjk), a ética das sementes (com o prof. Axel Gosseries), a ética animal (com a professora Cátia Faria) e a tecnoética (com o prof. João Ribeiro Mendes), entre outros temas.

A próxima sessão decorre no próximo dia 13 de Junho de 2016, pelas 15 horas. Será a hora de um café filosófico nos jardins da Casa de Mateus, com Satoshi Matsui da Universidade de Senshu, Japão, a quem se juntará Juliana Bidadanure da Universidade de Stanford (Centre for Ethics in Society), nos Estados Unidos. Uma dupla de excelência, composta por dois brilhantes investigadores, que irá discutir a relação do socialismo com o liberalismo, numa perspetiva ética.

A conversa será moderada por Roberto Merrill, desta vez em inglês, com apoio de tradução em português.

Por ocasião deste encontro será oferecida aos participantes uma prova do Porto Vintage de 2006 da Quinta da Costa das Aguaneiras.

O CCACC é uma iniciativa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que se realiza em colaboração com a Fundação da Casa de Mateus, o Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho e o Instituto Internacional Casa de Mateus.

A entrada é livre, mas os lugares são limitados pelo que se sugere inscrição prévia através do email: arquivo2@casademateus.pt

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 13:59

17
Mai 16

     

       “Frankenstein”, enquanto criatura, nasce de um desafio a Deus, como um projeto amaldiçoado de um genial cientista que ultrapassa os limites impostos pela condição humana. O que acontece, porém, quando o Homem viola as leis de Deus ou da Natureza e da Ciência? O que sobrevém a “Prometeu” quando ousa desafiar os deuses e lhes subtrai o fogo divino para o confiar aos humanos? Haverá limites para o conhecimento e para o progresso científico e tecnológico?

       Assim como o cientista criador e “Frankenstein” – a criatura que nasceu do desafio a Deus e às leis da Natureza – poderão vir a confrontar-se, também a nossa cultura científico-tecnológica comporta riscos que não devem ser negligenciados. Ciência e técnica sim, mas com consciência, subordinadas à reflexão ética.

      No seu laboratório privado, o genial cientista tem as ferramentas de que necessita para concretizar o seu projeto: diversos membros e dorsos humanos roubados de uma morgue. Peça por peça, começa a sua experiência. Construído como um boneco e provido de vida por uma poderosa descarga elétrica, a sua magnífica criação torna-se assustadoramente real.

      Ainda mais assustado que o seu criador humano, o ser desaparece na noite, desamparado, repugnante e vulnerável. Pode dizer-se que a criatura foi lançada no mundo, num mundo que lhe é de todo estranho. O exterior é-lhe opaco e estranho. Sente-se, por isso, como um estrangeiro. Trata-se de mera ficção. Todavia, constitui uma experiência mental capaz de ilustrar um conceito filosófico central: O conceito de absurdo.

      Segundo muitos filósofos, o absurdo é a característica definidora da existência humana. Tal é o caso dos existencialistas franceses, Albert Camus e Jean Paul Sartre.Tal como em “Frankenstein”, no homem o ab-surdo nasce do confronto entre o seu apelo, o seu grito e o silêncio irracional do mundo. Este silêncio significa, segundo Camus, que a existência humana não tem sentido. O absurdo expressa a relação do eu com o mundo, sendo experienciado como um divórcio entre o homem e a sua vida. O ser humano deseja a unidade, o absoluto, a salvação, a tranquilidade espiritual e depara-se apenas com a pluralidade, a contingência, o fracasso, o sofrimento e a finitude.

      Camus integra-se na corrente ateísta do existencialismo. Como tal, nega a existência de Deus. Neste sentido, a existência humana carece de sentido, dada a inutilidade do sofrimento, o caráter hostil da natureza e a inevitabilidade da morte.

      Em suma: o Homem e o monstro, “Frankenstein”, possuem a mesma condição existencial. Sentem-se estrangeiros, exilados em corpos e em mundos que lhe são estranhos e sem sentido. Porém, confrontado com o absurdo da sua existência, tal não significa que o Homem deva optar pelo suicídio. Pelo contrário: deve preferir viver com lucidez o instante a fim de conquistar mais liberdade.

      Não possuindo nenhuma identidade a priori, diria Sartre, o Homem ex-siste primeiro, surge no mundo e define-se posteriormente. Numa frase: a existência precede a essência.

     Não havendo sinais no mundo, nem Deus nem nenhuma moral que possa indicar o que se deve fazer, o Homem é um agente criador de si mesmo, pelas decisões que toma e pelos atos que põe em prática, estando, por isso, condenado a ser livre.

publicado por Carlos João da Cunha Silva às 22:45

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